CAMINHEIRO

Data 13/10/2009 19:00:42 | Tópico: Poemas -> Esperança

CAMINHEIRO

Não sei se foi escolha minha
Se rota inscrita no meu devir
Sei que de uvas está prenhe a vinha
Sei que sinuosa é a linha
Fácil não é o pleito dirimir

Agreste se mostra o caminho
Rota de cabras ancestral
E não é das uvas o precioso vinho
Direi que é assim que adivinho
De dificuldades um manancial

Cansaço de mim se apodera
Nesta luta sem tréguas, desigual
Mas mora-me no sonho uma quimera
Qual relíquia, pedra Dera
Em remanso não trivial

Vislumbrando da montanha
O cume agudo e pardacento
Novo querer em mim se entranha
Orgâsmica força ganha
Explode em mim novo alento

Alcançado da montanha o cimo
A decepção faz-se pungente
Nem o mais férreo arrimo
Confiado a cabeça de tino
Confere força ao mais valente

Atrás do monte outro mais alto
Se ergue aos olhos do caminheiro
Não vê tão pouco um planalto
Plano por ventura menos alto
Ou cabana de eventual cabreiro

Mas o sonho em mim é tenaz
Não vejo quem o detenha
Deter-me ninguém será capaz
Sentir assim é o que me apraz
Outro mais forte comigo se avenha

Arrojar-me destemido
A esse outro mais alto cume
É a forma de dar sentido
É nunca me sentir perdido
Da inércia não sentir o azedume

Antonius




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