MATEI AQUELE MALANDRO

Data 13/10/2009 20:57:35 | Tópico: Textos -> Humor

-Matei-o.... matei-o.. matei aquele malandro!

Dez horas da manhã numa grande vila de Portugal para não dizer o nome, um homem corria na avenida da Liberdade.

-Enfim!... livrei-me dele! Desde a minha infância que ele me perseguia, mas desta vez acabou, matei-o, gritava ele enquanto as pessoas e o trânsito paravam, para tentar compreender o que se tinha passado.
Mas o homem louco de alegria não parava de correr. Avenida acima, avenida abaixo, subiu à estátua do Marquês de Pombal, deu umas grandes beijocas aos Leões que lá estão imponentes, voltou a descer e nesse momento foi agarrado por um elemento das forças da desordem, perdão, das forças da ordem que o meteram num carro e o levaram para a esquadra mais próxima.

Chegado à esquadra fecharam-no numa linda sala de espera aí que nós voltamos amanhã.
-Mas que mal fiz eu para me fecharem aqui? Não fiz que justiça!!!
desde a idade de 11 anos que ele me perseguia, pagava-me pouco e nem para trincar uma bucha na Rua da Betesga chegava, malandro!

Os agentes de serviço na esquadra ao ouvirem tais declarações, entre-olharam-se .
-Oh diabo!... disse um dos agentes, a coisa deve de ser uma questão de pedofilia, que pensam vocês?
-É bem capaz de ser isso, é. amanhã o chefe se encarregará de verificar essas graves afirmações.

O homem cansado de tanto correr e gritar, acabou por adormecer na célula.
No dia seguinte foi apresentado ao chefe.
-Diga lá, ò amigo, disse o chefe com aquele ar simpático que eles têm sempre, conte-me lá a sua história. Diga lá o nome e a morada do seu violador!
-Violador?
-Sim, violador, ou você quer que eu lhe faça um desenho?
-Ah não, não chefe, não nada de trabalho aqui.
-Que quer dizer com isso? Você dizia ontem que ele o persseguia desde os seus 11 anos e agora recusa de dizer quem era o homem que você matou?
-Mas eu não matei nenhum homem, chefe!
-Ah bom? Então você matou quem? Perguntou o chefe já com um ar de poucos amigos.
-Não!| Eu matei o trabalho! O trabalho chefe! Ele começou a me atormentar quando eu tinha onze anos, já estava farto dele.... matei-o. E como sou feliz agora. Fui a um centro onde eles inscrevem muitos que não querem trabalhar, nem todos, alguns até gostam do trabalho, mas eu não chefe, livrei-me dele e agora até me pagam para que eu durma descansado, levanto-me à hora que quero
e já consigo ir ao supermercado com o ordenado que recebo.

-Seu calão!... desapareça da minha vista, disse o chefe.

Um dos agentes que estava presente aproveitou o momento para limpar os sapatos no traseiro do homem e empurrou-o para fora da esquadra.
Sempre há cada uma!

A. da fonseca


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