Na rota de sermos qualquer coisa

Data 14/10/2009 14:31:47 | Tópico: Poemas

deita-te nu sobre a pedra tumular do meu peito
empenha-te a agasalhar mais além dos seus limites,
nos odores dos púcaros dispersos,
bebendo os langores funéreos e roxos desejos
que ainda respiram.

permite-te deixares cair as tuas vestes
envolto nas minhas mortalhas
(Este é o meu corpo…meu sangue…minha alma)
toma-os e recebe a minha oferenda fria e crua.
tem o véu de turvas memórias,
o tacto do negrume em pura nudez
que se entreabriu por entre escurecidas penas.

ultrapassa-te, não te apartes de tão beladona aparição
percorre-a, fecunda-a
mereces tudo, mereces avivar a parte de mim
que em mim quase morreu,
ao dar-se por inteira a um falso deus erecto de poder



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=102954