A pátina rochosa dos tempos idos

Data 17/10/2009 08:02:34 | Tópico: Poemas

A pátina rochosa dos tempos idos

Não quero falar mais do que não sei,
esperam-me as abruptas paisagens do infinito.
Dou-me ao de leve, para que não me machuquem,
sou filho lento, incomodado pela ondulação nocturna,
sou alheio ao toque e sensível aos abraços que perduram.
Rejeito a dor incómoda, trespassada pelos suspiros em vão,
leio-me nas folhas fechadas de um diário,
que há muito deixou de ser escrito.
Sou como as águas correntes, que encontram sempre um mar.
Sou maré negra, obscurecida pela pátina rochosa dos tempos idos,
revolvo-me como um verme no lodo insolente do pensamento,
dou-me á emoção que dói por ser tão pura,
queixo-me da falta do abraço que não chega,
e daquele que não quero, mas que me obrigo a dar.
Deleito-me com o morno mosto do vinho farto,
inebrio-me nos odores do corpo,
cheiro a sal, a maresia e a força oculta,
misturo-me na mescla amorfa da emoção reprimida em mim



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