ME DEVORE

Data 17/10/2009 21:33:04 | Tópico: Poemas

Me devore com o pão do diabo, o hortifrutti
Proibido e o mel dessas rosas.
Me devore com um beijo molhado ou roubado
Num banquete p'ra dois, num sarau ou num jantar
Em família.
Me devore com vontade, com sede ou com fome
E com cada palavra, rasura ou escrita.
Me devore como um passatempo ou como uma lição
Dada por uma linda normalista do instituto
Nelson Rodrigues.
Se for mulher me chupe, se for homem me estupre;
Arrancando meu véu, minhas entranhas, páginas
E todo um contexto.
Devora-me em Roma Antiga, além do arco-íris
E me presenteie com os anéis de Saturno
E os moinhos Quixotescos.
Me devore num ônibus, numa praça, em grupo
Ou á meia-luz de uma cabeceira!
Unta-me com manteiga, com o sangue da guerra,
As paixões e comédias, me decorando com os lírios
Da paz.
Me consuma com minhas verdades e mentiras, cirandas e prosas.
Me coma com meus seios, saias e sêmen, sonetos,
Sonatas e outras histórias!
Me devore numa bandeja com uma cabeça perdida,
Com a galinha de Exu e o néctar dos Deuses.
Devora-me nos palácios de Passárgada, nas montanhas de Shangri-la e nos hotéis de Utopia.
Com os anjos, as musas nos céus de ícaro e do condor!
Me devore, pois sou a poesia, veneno anti-monotonia!
Recheada de sonhos, composta por amores
E tenho as coisas da vida como tempero!

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