Altares de pedra

Data 20/10/2009 13:13:25 | Tópico: Poemas

Altares de pedra

Vibrante calor que silencia meu corpo, já o êxtase me excomungou,
tomei cálidas Primaveras como doçuras, enamorei-me do luar,
cansei-me dos encantos do maldito e castiguei-me sob o crepúsculo,
enegreci, obscureci-me pelo amor no lago sagrado,
caminhei em ti, pelas pegadas deixadas num dia mais.
O solo sagrado dos Altares de pedra comunga o nosso Espírito,
sou indelével, luminoso e transparente, cansado pelos anos de espera,
sou poeta, músico, contador de histórias que nada embalam,
não sou o sibilino fantasma das noites sem luz,
nem o caminhante eremita, dos montes no luar.
Há uma calma interna e clara, eternizada pela paixão,
uma calma pacífica, atormentada pelas delícias de um jardim em flor,
uma campa num campo florido de flores campestres,
um silvado coberto de amoras, nos dias de estio e cor de mel.
Há um sepulcro, aberto, estilhaçado no vento, amordaçado em mim,
uma derradeira morada onde habitam as paixões velozes,
onde os animais selvagens procuram por abrigo,
onde sou livre e onde me aprisiono,
onde me sufocam os gritos de uma paixão que me consome.



(Poema inspirado num comentário a um poema de Matilde D' Ônix)


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