
Beijos Doentes!
Data 21/10/2009 23:18:40 | Tópico: Poemas
| Após longos beijos doentes Com os meus beiços dormentes, Em êxtase e completo delírio, Vi-te, nua, a banhar-se num rio.
Enchia-me a vista a vê-la ali... A pele pura, morena e macia Parece que por si só refletia A eterna beleza do dia. Suspensos Os cabelos vermelhos, partidos Ao meio e presos por uma triste tiara.
As sobrancelhas, também vermelhas, Lagartas brejeiras à relva devorar. Os olhos lagos de lava de extinto vulcão, Pérolas negras...
A boca bipartida, de grossos lábios Fonte duradoura de instantâneo prazer Donde me entorpeço e me intoxico... Mãos finas e brancas como brumas montanhesas
Dedos longos com pontas rosadas e unhas luminosas Um fino nariz que mais parecia um grego Vaso onde depositei todas as minhas flores.
Tinha elas vermelhas e as amarelas, Aliciava as mais perfumosas e colhia sempre As mais novas e deixava murchar as mais anosas...
No seu rosto sentia a luz branca a me ofuscar A cansada visão; No meu peito batia forte meu coração. Suava como um atleta em súbita atividade Procurava como um verme essa tal felicidade Percorria com a mais pura alegria Os férteis campos da minha imaginação...
Ah! Agora eu quero declamar... evocar...
Porto solitário num oásis imaginário Criaturas negras que passeiam ao crepúsculo Semelhante a cães que a noite devora Com caninos de sabre e garra de ave alada Os pequenos ratos perdidos no porão do prostíbulo. Crianças aleijadas que por terra estão a dormitar Ao fundo, um estrídulo de pernas de grilo a grilar Um aroma forte de desinfetante e hortelã Ali, serpenteia uma cascavel... Um cometa passa... longe... Alumiando tudo que era escuro Tudo que foi cinza, enquanto lá fora Flores macilentas amareleciam Frutas apodreciam e pessoas Sorriam e se perdiam no riso Fortuito e, às vezes, num relance gratuito Em que as porcelanas não mais se quebravam.
Estrelas que cintilam de forma ilusória Mistérios que circundam hemisférios cerebrais Energia se transformando num jogo louco De magnetismo, de eletricidade e mágica. Cósmicos raios que fogem e fulgem no infinito, Numa velocidade inconcebível, num estímulo Luminoso qualquer para um qualquer Sem olhos ou qualquer outro meio de percepção Qualquer... Meteoros porosos vagando lentamente Circunvizinhando a imensa bola gaseificada E material pastoso e energia, muita energia, Com muitas nuvens escuras e tenebrosas Repletas de pequeninos pontos luminosos Num lácteo conúbio sideral Numa abóbada celeste apenas por uma ínfima camada Gasosa que reflete um azul magnífico, num mundo Extraordinário de pessoas, plantas E bichos, e tudo, e nada...
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