Um toque de suor

Data 22/10/2009 16:11:01 | Tópico: Poemas


Muitas mortes me absorvem,
julgam-me, atiçam-me chamas em flor, chamam-me muitos nomes,
já acalento a seiva amarga e madura na candura do verde,
tranquei-me em mim, desesperei.

Abraçava de longe as miragens ocultas dos desertos secos,
ardia neles sem nenhum pudor, sem cansaços ou desculpas.
Não há razão para não amar.
Esquecem-se as jóias sonhadas e confundem-se no encontro,
argumenta-se pela falta de luz dentro,
colhem-se milhafres nos céus e amoras nos campos silvestres,
abafam-se corvos nos círculos que as nuvens amam.

Sabes do nascer e do morrer do sol, dentro e fora de ti,
sabes da pele que queima no funeral do preconceito,
sabes do que se desprende na morte do pudor e da vergonha.
Se sabes tudo isso, dá-te a mim, vem de uma só vez,
larga preconceitos, pudores e vergonhas,
instala-te no telhado da minha alma e na cave do meu coração,
dá-me um sonho grisalho e um toque de suor.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=103967