Esqueço-me, canso-me do cansaço

Data 23/10/2009 06:56:36 | Tópico: Poemas


Que adormeçam as almas no calor dos meus corpos,
que se deleitem os meus dedos em teu toque,
que não é suave, nem ameno, nem cálido, nem de deleite,
que não é jugo, nem sorte, nem prazer, nem traição.

Não me tragam deuses para adoração,
nem lamparinas acesas com dor farta e moribunda,
dessas estou cansado, amedrontam-me pela tristeza.
Não me dês pensamentos acorrentados no lodo incerto,
nem sonhos que não se podem cumprir.
Faço premonições e profecias com o sangue no meu corpo,
faço leituras na pele gasta, encurvada no nevoeiro,
absorta na poeira e nas mentiras da eternidade.

Estou vestido na carne, sem ser pele, sem ser osso,
mendigo-me pela fome que me mata de saudade,
sofro no frenesim amargo das noites que não dormem,
danço comigo uma valsa cansada, sepultada na luz do som,
esqueço-me, canso-me do cansaço.



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