Embolada (Cordel)

Data 27/07/2006 14:40:00 | Tópico: Prosas Poéticas

Embolada

Assim não dá
É melhor parar
Você ai sem fala
Eu aqui calado
Duas almas
Um só lugar
Sem a menor
Vontade de viver
O brilho se foi
Agente se apartou
De aparência
Quer enganar
Toda gente
No final
Somos os dois
Enganados
Eu te vejo
De soslaio
Parece-me entranho
Algo transparente
Tipo visagem
Emoção nenhuma
Frio de madrugada
Sem cobertor
Nas calçadas
Assim me cubro
Em jornais velhos
Noticias passadas
Hoje sem graça
E na peleja
Desse entrave
Sinto seu açoite
Olhar navalha
Cortando os laços
São tantos pedaços
Que já sem conserto
Tudo ao lixo
Junto com os restos
Sobras do nada
O que restou
Ficou...
Poeira aos ventos
Não contentes
Sopramos na contra-mão
Os olhos ardendo
Lágrimas confusas
Em busca
Aurora em bruma
Visão cortada
Tateando no escuro
Tropeços aqui
Quedas ali
Encontros de aflitos
Eterno conflito
Em risco
Página virada
Escrita em branco
Mudando a história
Letras embaraços
No encalço
Tudo se esconde
Na cata
Tropeçamos um n’outro...


Jamaveira



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