Deixei que a folhagem morresse no jardim

Data 25/10/2009 22:05:34 | Tópico: Poemas


Julgo que de longe não avisto os céus.
Queria tanto daqui partir. Fugir. Buscar o sol e lançar-me do mais alto.
Não se encobrem de mim as névoas das manhãs.
Encontro-me agora perante o dia que não nasce, lutando para que o sono chegue e me leve daqui.
Os meus olhos cansam-se e já não desperto. Levam-me os que partiram. Deixei as ilusões e só restou a saudade dos tempos idos. Queria dançar contigo no Olimpo, entre as nuvens dos nossos sonhos, mas também tudo isso se foi.
Quando vieres, apaga a última chama da vela que acendi na entrada da porta. Desliga as luzes que jazem para te indicar o caminho e derruba a chave na fechadura da casa onde vivemos.
Dá ao sentimento aquilo que desejas e não ocultes de ti, nem de mim, o sentir dos chãos amadurecidos, frios e calmos dos caminhos que rodeiam o quintal.
Deixei que a folhagem morresse no jardim. Só para que a sentisses no teu retorno.
Deixei que as candeias há muito se apagassem para que, cego, pudesses ver as entradas da casa.
Regressei.



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