Fantasmas de Estimação

Data 26/10/2009 16:52:32 | Tópico: Poemas

Quando a noite chega e da cama revolta me levanto
contemplo olhos esbugalhados, trémulos,
espetados nas paredes que me são familiares.
Dou as boas noites ao meu pai, à minha mãe,
ao Senhor Baudelaire e ao espantalho sentado na poltrona
que não pára de rir de mim.
Acumulados de livros, fotografias e lembranças
que silenciosos acompanham a minha agreste insónia
soam ardentes como se tivessem vida.
Gargalhadas frenéticas, frases lúcidas
E, ainda posso ver os seus rostos a circular na penumbra,
Luminosos nos recantos da minha alma.
sinto em quente seus húmidos lábios,
a suave pele branca a roçar ao de leve no meu rosto.
Falámos, melancolicamente, às três da madrugada
de coisas tão triviais e tão extremas como é a vida.
Quase sempre acabamos no tema Morte e, eles apagam-se,
cansados.
Mas, vão voltar. Não me importo que se apaguem,
Daqui a nada é outra noite tecida de solidão
E, os meus fantasmas de estimação vão voltar
Vão voltar… sempre e sempre,
Até que a morte nos una.


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