Ferrugem e alcatrão

Data 26/10/2009 19:39:50 | Tópico: Poemas

O faroleiro nunca compreendeu
O espanto dos namorados
Que vinham ver o mar
E o farol
Nunca se habituou
A largar o coldre
Com a arma
Quando se ia deitar
O sono chegava sempre
Como um comboio
Com cheiro a alcatrão
Entrava
Sem pestanejar
Sem adeus à vida
Com as mãos cheias de ferrugem
De trancar o vagão
Por dentro
O faroleiro sonhava
Que o apito do comboio
Era o seu grito
A percorrer a terra
E acordava aflito
Porque se julgava morto
Sem ir à guerra.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=104480