Volúpia oculta de uma catedral soterrada

Data 27/10/2009 18:17:37 | Tópico: Poemas



Rezei na noite obscura, silêncios vãos pela razão,
cantei-te na volúpia oculta de uma catedral soterrada,
sofri nos espelhos quebrados sujos de sangue,
ocultei-me do mundo, sou sôfrego no teu peito.
Devorar-te-ia em instantes, o sopro indelével da tua respiração.
No relampejo do trovão luminoso, saceio-te em mim,
entoo-te uma serenata escura, calada, negra e silenciosa.
Há mil anos de silêncios crucificados na mortalha seca,
há mil histórias que poderia contar-te para te embalar.
Nada se compara, nem o sangue, nem o odor, nem o sémen,
nada se compara, nem a palavra, o cheiro, nem o fluído real,
nada é comparável no toque lânguido serenado pela paixão.
Entro em ti, penetro teus mundos ocultados pelo véu calado,
calo-me em segundos, duras um momento mais em mim,
calas-me no abraço nocturno, apaixono-me por ti.
Dás luz à chuva clara, translúcida, pálida e transparente,
és sujidade luminosa, habitante dos casebres abandonados,
recebes-me, aperfilhas os meus dedos serviçais,
eles sabem quando fugir e voltar, dar-te ou receber de ti,
eles sabem quando sofres a ânsia pelo toque que não vem.



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