Canção de embalar I

Data 28/10/2009 08:04:54 | Tópico: Poemas



Dou-me assim, sou um repente,
um vento passageiro, nos teus dedos aprisionado,
uma brisa voraz, frescura num rosto teu,
um seio de prazer, mantido em segredo,
um encontro alado e doce, numa noite apagada,
um calor que não arde, numa palavra dita em silêncio,
uma flor que não desabrocha, nascida numa rocha agreste,
uma candeia iluminada, numa chama acesa,
num carreiro sem peregrinos,
um casebre escuro e lúgubre,
um caule de uma flor recém-nascida,
uma raiz de uma árvore anciã,
uma travessia de um rio, navegado no adormecer,
uma cascata num ribeiro manso, numa corrente sem paragem,
uma lua cheia no céu estrelado,
uma nuvem passageira, numa aragem delicada,
uma chuva dourada,
molhada nos teus cabelos.



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