Ciprestes alados, apontando o céu

Data 28/10/2009 12:05:09 | Tópico: Poemas


Há um trilho em mim pouco percorrido,
um caminho de ciprestes alados, apontando o céu,
uma dor ondulada, cadência de um deserto qualquer.
Aldeias virgens, carregadas de odores de Verão,
e chuvas molhadas e suor, calejadas pela agressão.
Sinto candeias acesas, mornas no sabor, perfumadas,
ceras de velas já mortas, deixadas nos cantos.

Há cearas moribundas, soltas no bater do coração,
ritmos ocultos, feridas que não passam,
há comentários agrestes, que magoam dentro,
uma sofreguidão pela magia que se esfumaça,
num beijo apagado, num toque sem mágoa.

Há um sentimento eterno, julgado pelo acto cansado,
uma palavra que é dada, um gesto adormecido.
Crescem lírios nas encostas das estrelas,
dormem linces selvagens nos dorsos dos cometas,
durmo contigo, no teu leito de mel e dor.



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