Um dia nasceste

Data 26/06/2007 21:38:41 | Tópico: Poemas -> Desilusão

Um dia nasceste
da noite líquida do meu pranto
em luas livres de glória e beijos quentes
em que o toque jamais aconteceu.

Um dia cresceste
florido no mimo orgulhoso do meu canto
respigado em metáforas arrancadas ao degelo

Singelo, farto, branco, brando …
Urgente.

No emudecimento da alma,
no recorte do espanto dum corpo
a acontecer.

Tanto.

Um dia, na antevéspera do medo
sem tacto
sem gesto
sem celebridade
soltaste abertas asas sem penas e voaste
a sede da desventura esguia d’ansiedade.

És fado, és carma, talvez saudade ...

De ti não sei,
de mim não sei,
e conquanto, na aurora ebúrnea em que a noite
anoiteceu,
o teu destino esteve ornamentado com o meu.


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