Hibernação
Data 31/10/2009 09:13:29 | Tópico: Poemas
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Cantam coros angélicos, desaparecidos na mata obscura, no chão petrificado de prazeres ocultados pela noite. Enevoam-me o olhar as vestes translúcidas, transfiguradas, encantam-me amantes lívidos, no desespero calado.
Tenho um pacto com a demência voraz, com a bruma putrefacta e dada, prostituta da morte, tenho uma calma falsa, vestimenta de sacrários sujos, tenho mil anos de vivências, corpos mais que muitos.
Cansam-me, gentilmente, os odores da paisagem, transpiro águas geladas nas frestas das montanhas, derramo-me na cama estrelada, transformada em soluço, finjo-me cordeiro manso, coruja adormecida, hiberno nos Verões da alma, ofusco-me com a simples vaga das marés lunares.
Tenho-me gerado a mim mesmo, sou mortal, nas asas de um colibri alado, inocente e selvagem.
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