Entre velhos ciprestes (AjAraujo)

Data 02/11/2009 08:39:56 | Tópico: Poemas -> Introspecção


Entre velhos ciprestes
Ao cair da tarde de inverno
Paro a observar os pássaros
Que nos galhos fazem seu abrigo...

Lá, ao longe, o sol já a recolher-se
Após sua curta jornada de luz
Outros astros retornam aos seus lares
Cansados após mais um dia de labuta...

A centenária árvore que já se curva
Ao peso dos anos, na suave brisa,
Respira o momento da mudança,
Nascente ou crepúsculo, se fará presente...

Nas composições, espaços são ínfimos,
Contudo, os corpos se acomodam,
Na ampulheta que lentamente vai caindo,
Cíclico movimento, nascer e morrer a cada dia ...

Se o astro–rei tem luz
E calor a nos aquecer,
O cipreste nos dá sombra,
Guarita e amparo

Sol e lua,
Luz e penumbra,
Trabalho e descanso,
Vida e morte, dialética vital...
Seres humanos andam como formigas,
- Quisera fossem – pois não vivem,
Simplesmente a tudo sobrevivem,
Submetem-se a uma cruel rotina

Surgem novas formas de exploração,
Tempos modernos do colonialismo,
Onde o fazer coletivo do trabalho,
Não é repartido com quem produz...

Árvore e abrigo, pássaros e liberdade
Sol e luz, lua e sono, homem e trabalho,
Cada qual tem seu papel no universo,
Nos elos da corrente da existência...

Se o cipreste tem a nobre tarefa
De acolher aves migratórias
E ao homem é dado conhecer
Os doces mistérios do viver...

Se o sol tem como missão
De manter com sua irradiação
Os planetas e suas luas
Os campos, os seres vivos...

A mãe natureza, através da sábia mão Divina
Conjuga os elementos – terra, água, fogo e ar –
De modo que os seres se integrem cada qual
E sua essência, diversidade e originalidade...

Epílogo do verso, o sol se deita
Sob tapete de nuvens carmim,
Cede lugar a luz no horizonte,
Se espreguiça por trás do monte,

O cipreste se enverga em reverência
Ao astro-rei, os pássaros ensaiam seu canto
De recolhimento, e o poeta, no mundo de metas,
Acende a luz e acorda de suas divagações.

* Divagações ao final de uma tarde de inverno, sobre o ciclo de vida e o lugar do humano.

AjAraújo, o poeta divaga ao final de uma tarde de inverno, sobre o ciclo da vida e o lugar do humano.





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