
retrocessos suicidas
Data 05/11/2009 05:12:06 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| rodei a porta de chave rangido por cumplicidade encaixilhei vidros de vedadas dinâmicas e tranquei-me no estanque
emoldurei-me ao arco-íris cinzento da nébula opiácea flutuado e da cinza que jazia envolvido
banhei-me do corpo despido afogado no desconceito e da ténue permanência em catapulta densidade elixir de colapso temporal
da inutilidade diária branco escuro com futilidade noctívaga negro claro e a palidez complacente de cernes tingia-se na incrustação o lençol do extenuado
do horizonte entalhado confundi-me no espelho fui liso rachado mas arredondei-me à dimensão terceira e quarta divisão de quarto
das fumadas cinzas se germinavam plantas com perpetuação do desciclo
asfixiei-me dos instantes e dos seguintes da mão que se masturbava presa ao pescoço gemi ao prazer do doloroso dissolvido de esperma insolúvel triangulação no paralelo e contorci-me no transversal extasiado arrepiado de carbonos que penetravam de crivagem às vísceras inalei húmidos do escorrido
entreguei-me à vagarosa alcatifa de viajem ao caixilho e da nudez da janela estilhacei-me bramido
era um disforme vermelho cimentado no profundo que se integrou desgravitou precipitou à abertura e de me subir aos pés os lambidos de sôfrego tormento e do implorado não mais retrocesso sabia-lhe eternidades do ser sorri ao suicídio desfeito
mas porque queria rasgos do laivo no sempre após sempre e da lágrima borratada e do prazer de morte porque medo vivifica-se e dos sorvidos sofrimentos saciada escravidão entre riso que eriçava
libertado do jugo o estilhaçado ao mesmo no instante da potência à mancha cimentada
renovaria os retrocessos sempre pelo sempre
© Bruno Miguel Resende
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