Diário Íntimo

Data 05/11/2009 14:33:37 | Tópico: Poemas

o quarto está cheio da incandescência que derramaste em mim.
a voluptuosidade do semiconsciente,
da semi-posse inclina-se perigosamente sobre o limite
por nenhum clímax específico.
tudo é suave, balsâmico ar a lamber as pestanas
confronta o meu ser possuído
como se fosse possível sentir-se num único sentido.
alpinistas de fumo de cachimbos d água
esfumam imagens nas têmporas do prazer
Já experimentei esses estados sem folha de cannabis
chamar-me-ia louca que de uma maneira ou de outra
tu fazes parecer que o sou.
quantas histórias como esta surgem de névoas de embriaguez?
doce aquiescência traidora!
é irónico que as experiencias mais profundas venham ter comigo
quando estou com sede e bebo por golfadas.
ainda agora, estou de pé em frente da janela aberta do meu quarto
e sorvo toda a luz, a procissão dos ventos, açafrão, paus de canela.
recolho a minha própria seiva na tua boca,
é tudo tão real que a minha boca se abre.
mas eu minto, embelezo,
as minhas palavras não são suficientemente profundas,
nem selvagens.
disfarçam, omitem,
os dias, as horas de descida ao meu diário intimo de mulher.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=105819