Pastoreio de almas

Data 05/11/2009 18:40:56 | Tópico: Poemas



O dia está cinza e não me apetece sonhar,
rasgo papéis da última noite,
lanço-os no fogo que arde,
sacudo o albornoz e a desdita que parte.

Ando curvado, seco e tresmalhado,
não há pasto que me saceie,
nem pastor que me guarde,
sou indomável, um coração ansioso, crescente,
uma lua em uma candeia, nova, cheia, antiga.

Navego céus de fogo, enciumados pela neve,
consumo-me nas neblinas densas,
nos pântanos noctívagos,
sou ave de caça furtiva, esguia na solidão.

Há um pastoreio de almas que em mim repousam,
que se abrigam das tempestades da colheita,
que me alugam para o prazer,
e me abandonam na satisfação consumada.



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