
Dobra-se/me e desdobra-se/me O coração num suplício só Talvez fique de novo, se quiseras-me Talvez vá talvez volte, não sei bem Enquanto isso, embrulha-se/me o coração Desembrulha-se/me uma idade só Ainda nova é a saudade a acorrentar-se/me Não volto ao antes, não quero o depois O passado saiu-me de ti, do meu eu Agora sou mais eu a gostar-te/me Embora não querer-me nesse ir, não quero-me Nesse voltar e nem deixar-te/me triste assim Seremos o ficar-me/te sem sol e sem lua Sem mim e sem ti Quero-te, confesso que no profundo do refúgio meu Toda a quietação do sentir-me/te é querer-te/me Como um pássaro sem asas a voar-te/me Prestes a hibernar-me contigo Nesta gélida estação do ano Prestes a chegar-te/me Talvez ache-me a encontrar-te No abrigo de amor que prega-se/me Talvez o coração tenha-me olhos teus Para amar-te/me Ver-me/te distante é ter-te/me, tão perto No desejar-te/me desforro-me em cânticos Que gosto de ouvir Nos sorrisos teus a enamorar-me Vigora-se/me um coração entre O ficar-me/te e o ir-me/te Cegos, meus lábios secam a ficar-te/me no tempo Que nunca esqueci-te/me A promessa que fizeste-me, acolheste E poder ficar-me de pé Enquanto entendo-me por mulher Ser-me-ás o melhor tempo para amar-te O sol corre e o violoncelo do entardecer-me Nota-se um estar adoente por não veres-me No chegar-me da lua à tua noite, peço-te meu Deus Para acordar-te/me do tempo que foge-me/te gigante Não posso acreditar-te/me lentamente O que vai descendo-me por encanto Sobe-te sem tempo No tempo, que já foi a volta do ficar-me/te O amor não partiu do meu/teu presente Nem a muda de penas da mente Cresce-te a esquecer-me Querer-te/me quero, tanto, tanto Mas sigo vagarosamente insatisfeita/o Acordo o suspiro solto e sigo-o Exaltando-o a procurar-te/me O sol levanta-se e a lua deita-se frente a frente Não sou-me/te indiferente e o amor Desembrulha-se/me e embrulha-se/te A nunca deixar-te/me a nunca deixar-me/te De ouvir-te/me chamar-me/te pelo mesmo nome No final será começo Dois seres num só coração a querer-me/te!
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