XLII

Data 06/11/2009 22:30:05 | Tópico: Textos


andava às avessas com o tempo, de quando em vez arrastava o corpo para fora do seu ninho, só para sentir no rosto a chuva miúda e saber em que mês estava. na sombra dos afectos comia gestos, desses que se dão nos contratempos, no entanto acabava sempre só, combalida, a gesticular algumas falas como quem sabe conversar. era boa em premonições, girava as mãos para fora do corpo e ar adentro lá ia adivinhando com quantos ossos se faz um coração. pouco sabia de constelações ou estrelas, da noite só conhecia a escuridão. às vezes procurava uma voz, qualquer coisa que lhe esforcasse a solidão, qualquer coisa que ao dizer o seu nome lhe devolvesse vida.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=106021