
Promessas, leva-as a gravidade
Data 07/11/2009 00:06:46 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Mistério irónico este, Que faz turvar a água mais limpa, Que faz acender o fogo no frio da noite.
É fonte de luz, Brilha por entre os defuntos Que caminham perdidos, vivos, Por entre a calçada que os afunda.
É história por contar. Um conto de fazer corar, Acto por repetir com os dedos das mãos. Com os secretos lábios Que se anunciam na sombra Que os acolhe, discretos. É questão de errar ou acertar, Um conto de repetir e tentar, Primeira vez para persistir, Última vez para abrir O que nunca se pode encerrar.
É segredo que murmura No ouvido do sorriso, Que cria desconfiança na alcoviteira Ciumenta que olha para o rapaz Ameaçado pela palavra dita No ouvido de alguém.
É azeite que não mistura Na verdade o fel da mentira, Que revela o problema da verdade Alcoviteira e fragilizada, Que olha para trás Como quem não perdeu nada Senão a própria vista de se ver.
Somos na verdade um azeite Que não conseguem tocar, Os que lá em baixo, afogados, Gritam por água para respirar.
Somos um mistério Que perturba as mentes serenas, Um enigma Que cria ódios e crias obscenas.
Somos nós, Fora do universo, A pairar sobre ele, Como se nada fosse, Sorriso apenas.
|
|