
Sobrolho
Data 07/11/2009 15:54:38 | Tópico: Poemas
| Logarritmos da heliotropicália Fúcsias e grenás aos hematófagos!
Amo os erros Porquê amo a vida.
Xifopagia inelutável dos morosos Minha solidão em multiplicidade Desconheço-me e desconheço-vos Assim me descubro sempre novo.
Envelheço e me assusto com detalhes desgovernados Olheiras escuras e poros maltratados Ronco rouco como motor sem óleo - A dança me salva Sempre ah sempre A dança me salva.
Magnésio fervendo Meus nervos atacam Colidem com a cadência pomposa Singularidade da arte livre Da arte viva do cotidiano Quero antropofagia sensual Quero a calma frenética do bailarino em improviso Vôos hiperlúcidos do acossado pela magia - Magia esclarecida Fria como o luar Magia científica Do cético que não se entrega ao dissabor da incerteza.
Vá bem Estroncho Me desdigo.
Mas quem diz que a ilusão não é bela? Quem açoita sem remorso à própria fantasia?
Buscara por éons em vertigem À derradeira verdade - Como pudesse empunhá-la como espada perfeita Fazer-me invencível à força de viver sob a pressão da suprema verdade.
E então me dei conta De que a verdade é só mais uma invenção Talvez uma descoberta acidental Descoberta esta muito mais infeliz que aprazível Já que a tal verdade só machuca - E o grande Tudo É Possível Funesta armadilha da superstição Me acalenta no devir de minha alienação.
Quisera viver a verdade Possuí-la Como quem possui um amuleto sagrado.
Mas dia após dia Me desfazia da certeza Me frustrava com a inevitável ilusão - Ah bendita ilusão Como somos cegos Tão involuntariamente cegos em nossa juventude E tão imerecidamente vingativos pra conosco mesmos por causa desta cegueira Como se pudéssemos escolher Como se houvesse decisão Como se o arbítrio fosse inerente E a consciência algo em si díspar do organismo.
Vejo então meus instintos em amarga luta Amarga porquê incompreensível A mim e ao olho que testemunha também Incompreensível e tão aconchegante Ai da minha juventude mambembe Quero me aprochegar de mim sem trégua E também de soslaio.
Quero saber de mim como o sol sabe de si Quero me construir como a vespa rainha constrói a colméia.
Dragões anciãos percorrem minha espinha Ventre acima esterno adentro Cães de treze cabeças me pedem afago No pórtico último da eternidade.
O desdém que descubro nas ruas Me alimenta duma esperança horrível Esperança solitária Horrível porquê incomunicável.
Quem sabe Ah quem sabe Quem tem tempo pra tais talvez Perigosas experiências do imoralista Vou de encontro à aridez da sobriedade E de repente tchibum Despenco no oásis da amizade Louco astuto e transparente Invento brincadeiras mortais Se me corta a pele Escorre a rubra amálgama Zinco e estanho de mim expostos Trocando faíscas com o horizonte Sinto-me frágil Provo do líquido Alimento-me de mim Drácula autossuficiente.
O frio me desperta Atravanca minha ação E me desperta à minha fraqueza.
Quero o sol em mim Os dias ensolarados de minha alegria Seja ela a fantasia utópica A fé desajeitada do ímpio Quero o sol de minha saúde Mergulhá-lo ao oceano Fazendo ferver o mar da vida Meu sol se petrifica Faz sumir em vapor a água toda do mundo E num átimo desconfiado A filosofia abandona a erudição A psicologia abraça toda sabedoria.
Ah saborosa sapiência Tantas cores de amores Ah miríades de musas - Ela sorri-me Gesticula atenções Diz gostar de minha dança E tudo que me importa É que a ficção satisfaça.
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