Os meus muitos nomes

Data 08/11/2009 14:51:38 | Tópico: Poemas



Tranquilizam-me as caves inócuas, subterrâneos do desconhecido.
Acalmam-me as mãos leves, puras no toque,
as ânsias nos caminhos pouco percorridos.
Iluminam-se-me os carreiros obscuros, desdenhados ao nascer.

Há nos ciprestes sementes aladas, purezas de sonho e ilusão,
quando crescem no amontoado da agonia aguda, sentida, passageira,
quando se elevam, nos sepulcros caíados de névoa branca,
quando albergam aves que não dormem, que caçam na noite calada.

Enamoro-me das primeiras neves, aquelas que morrem ao nascer,
aquelas que não têm descanso, nem dolência,
aquelas que não se criam, nem são criadas,
as neves, que dormem sobre os ciprestes,
nas últimas moradas dos mortais.

Ladeiam-me as grutas opacas de sentimento, os ciprestes e as neves,
os pinheiros mansos e os corpos lânguidos,
as bocas prenhas de sensualidade e os beijos naturais.
Obscurecem-me as unhas quebradas na escuridão,
percorrendo os caminhos tristes dos meus muitos nomes.



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