Esquizo

Data 11/11/2009 21:45:22 | Tópico: Poemas

enfastia-me escrever poemas de sobrevivência.
uso palavras impróprias, como estas
que atraiçoam afinal, o que há de múltiplo e confuso
nos sentimentos.

e nesta queixa, nesta muda declaração
ando a ouvir as campainhas brancas dos devaneios.

vi, ia jurar que vi arquipélagos ao luar
onde há mares de topázios e luas de zimbro
na apolínea doce visão, de ver as coisas que não há.

estive do outro lado do mundo, entre dois aviões de papel d ´arroz.
é possível que esteja doente, a deslizar para uma psicose permanente ao atravessar,
os carneirinhos que se vêem no horizonte.
parecem dirigirem -se para uma torre esfumada, quase inexistente
onde quero que habite algum faroleiro filósofo e solitário.

depois, a brisa vem tocar harpa (é verdade: uma harpa)
nas capelas marinas aflorada pelos seus dedos,
ao mesmo tempo que grito.

ou fui eu que ouvi mal?

devo ter entreouvido nos meus tímpanos,
a emoção de um momento quase perfeito
enquanto o bistre não secava.

lavo a cabeça sob o chuveiro
E, o resto?
o resto fica por escrever.



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