Hoje lembraste-te de mim...

Data 29/06/2007 09:20:36 | Tópico: Prosas Poéticas

Nunca esperei que me desses a mão, que aproximasses o teu ouvido do meu para me segredar: “Eu estou aqui!”, nunca esperei isso de ti assim como nunca esperei que me deixasses a tua vida para vir viver a minha e como nunca esperarei que isso possa vir acontecer.
Tudo para ti sempre foi claro, o sol era o sol, a luz era a luz e a susceptibilidade não existia, não existia o caminho que o sol iluminava, não existia nada daquilo em que eu acreditava, nunca existiu para ti aquilo que eu era porque tudo em mim soava a mistério – a susceptibilidade.
Abri-te o caminho do meu coração por diversas vezes e tudo o que resultou desses meus actos de coragem foram simples momentos de sofrimento, cada palavra minha era um enigma, cada sonho meu era um desatino e eu era apenas eu. No teu mundo criado por ti para que te fosse possível entender que tu és tudo o que eu sempre quis… no teu mundo não fui feliz.
Nada do que tu eras me pertenceu, nunca me pertenceu o teu sorriso, os teus olhos, nunca nada disso me pertenceu porque tu nunca me ofereceste nada disso, tudo para ti era claro, claro demais, eu fui alguém que encontraste, para quem sorriste, olhaste, de quem te esqueceste depois de toda a esperança que espalhaste.
Agora eu estou aqui despojada de mim à deriva num oceano mágico que não sei onde existe à espera de um aceno. Quando partiste nada disseste, viraste as costas ao nosso mundo (se é que ele algum dia existiu) e foste, levando contigo tudo o que podias levar, levaste tudo menos a lembrança, porque essa, quer queiras quer não, essa já me pertence. Estou aqui e aqui permanecerei esperando o um aceno…




Quando ontem te lembraste de mim apeteceu-me dizer-te tudo isto…



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