Vozes

Data 13/11/2009 08:41:44 | Tópico: Poemas



Já me deixei de ser, partilho-me, dou-me,
deixo que no meu corpo nasçam prazeres ocultos.
Inocência do infante recém-nascido, trazido pelas marés,
filho do vento e da tempestade, mago por nascimento.
Atormentam-me as ausências em conflito, as marcas e cicatrizes,
na pele amarga, amenizada pelo tempo, confusa nos ecos calmos.
Ouço-me para me voltar a calar,
falo de sementes de nascimentos já abandonados,
sentimentos de fúria leve, que renascem em cada memória.
Garras de animal selvagem, plumas de aves santificadas,
santuários ao relento, sem tectos para a lua cheia.
Vozes límpidas, quebradas nas nascentes, libertas pela corrente,
vozes abafadas, queimadas nos braseiros, acesas pela chama,
vozes de requinte, petrificadas nos tempos idos, inertes.
Roda o movimento interno, revolvem-se-me as águas dentro.
Hipócrita movimento, certo do momento fugaz.
Eternizo-me, exorcizo meus fantasmas. Não me pertencem.



Exposição Individual de Pintura de Joma Sipe - Ecos do Silêncio 2009
Morocco - House of Tea (Av. d. João IV, 1317 - Guimarães - a 100m da Estação de comboios)
Até ao fim de 2009
Inauguração: Hoje, dia 13 de Novembro 2009 pelas 21h



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=106882