I Ouvi o silencio de sua voz, sei que rogas por nós – metáfora atroz. Diz antes e após, juntos somos nós - digo que és meu algoz. Sei que é veloz, disseram que é feroz – verdadeiro albatroz. Hoje se cala, teu silencio me fala – me penetra qual uma bala. Consultei a cabala, dormi em sua sala – no cio uma cavala. Teu cheiro me embala, vem e comigo e acasala – és uma vassala. II Teu silencio pede ouro, vem ao matadouro – me veste de louro. Na vida sou calouro, sou teu bebedouro – descansa em meu ancoradouro. O suor de seu couro corre como ouro – o prazer é vindouro. Me diz; só comigo é feliz – todo dia sou seu aprendiz. Pega o giz e não escreve, mas na cama é meretriz – eu vejo uma atriz. Morde meu nariz, apalpa minha cicatriz, pergunto - porque me faz feliz? III Silencio redentor; levanta toma um licor e vai – da solidão sou pastor.
Teu silencio quer resposta, em mim tudo aposta – as cartas estão postas. Talvez uma proposta, sei que gosta – sua nudez esta exposta. Nua se encosta, perde e fica de costa – diz não estou disposta. Sempre quer ganhar, não sabe perder; vai chorar - devo acarinhar.. Tudo parece acabar, agora quer azarar – a fera devo acariciar. Em meus braços quer bailar, sinto a pele aveludar – pede canção de ninar. IV No silencio; do coração ouço o compassar; seu pé vou descalçar – vamos decolar. Nas nuvens planar; dançar – nas estrelas copular. Os limites desafiar, sobre uma nuvem deitar – no céu o amor desenhar. Seu silencio reclama; o calor desta chama, me chama - diz que me ama. Seu silencio reflete a dor; da solidão o temor – do amor sou pescador.
Samoel Bianeck
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