
Esta estranha forma de dizer a escrita
Data 14/11/2009 23:47:40 | Tópico: Poemas
| A tinta da china, retira peso ao que me silencia. Tapo-lhe a cara com os ante-braços, num jeito desgraçado que anina uma cópia de pudor ou decência. Copulo com a coerência. Entre os riscos e os traços que remetem o significado para fora do desenho, tocando-o de palavras sumidas e de sentidos encrespados, vê-se pouca vivência e claro desdenho. Engravido a dormência. Já morrem de dor, as feridas, doces e sofredoras queridas que, amiúde, se estendem no papel. Nasce o fruto. Não creio que as linhas do preto contorno sejam terminais. Não creio que fechem o que quer que seja, pois em bom silêncio, não se remete a pele a uma cobertura que, contem e repele o exterior. Obrigo-me à espera para ver o que vem.
Na longa delonga, naquela demora por ora de achega que não chega, durmo, deixo-me de prumo e arrojo-me, horizontal, sem rumo entre a verticalidade de uma seara e o tombar de uma forma rara.
Não me resta mais do que um copo vazio acabado de me lançar no desvario.
Define-se por destino, a base alcoólica, o estado destilado em alambique de metal ilusório. Réstia principal de devaneio por delírio que curado é cólica a resultar de sentimento inglório induzido por futuro alheio a secura pura e dura que encarquilha os lábios fechando toda a largura do sorriso... chora-se sempre a cura e, nem as normas ou os alfarrábios ajudam à seriedade do siso. Credo é coisa fraca que se dobra com a falta de vontade, sempre que se cai no mesmo buraco... o mesmo mas, cada vez mais cavado. Enrolam-se as entranhas maltratadas, incham os estômagos mais esmurrados por ulcerações internas. Fica tudo impresso à custa da tinta da china, que até nem é da China. Assim lá vou conseguindo alguma voz. Pouca mas perceptível.
Valdevinoxis
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