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Data 15/11/2009 10:49:14 | Tópico: Textos


e de dentro de mim chegam-me memórias, de rios de desespero, de toneladas de solidão, de potes de afecto encarcerado no íntimo das reconciliações. por ser domingo, chove, ou chove por ser domingo. à chuva já não escrevo odes, cânticos de amor e fel, ardor ou desamor de tempos idos, vindos de dentro, empurrados no peito, cravados no coração. trago outros bichos comigo, larvas decerto, que vão comendo os meus gestos, o movimento dos braços, a pele do corpo, mastigando o sangue na solidão destas horas. é dentro de mim que estes animais se reproduzem, quando, na morte lenta das memórias, um beijo procede o outro.



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