Amor intemporal

Data 29/06/2007 23:02:01 | Tópico: Prosas Poéticas

Não digas que já é tarde, nada é demasiado tarde nesta vida. Nem o amor! Não me digas que já não o sentes e não me digas que não gostas de te vestir bem, de colocar um pouco de perfume antes de te encontrares comigo. O Amor está nesses pequenos gestos, até nas cartas que não me escreves só porque achas que a tua caligrafia me ia desagradar.
O meu Amor por ti é intemporal e portanto não interessa que me digas hoje que é tarde porque amanhã saberei que é cedo, tu em algum momento da tua vida irás entender que é assim que tem de ser, o amanhã é previsível quando se ama porque já estamos certos de amar.
Pensava ainda agora no que me disseste. É tarde para tudo hoje menos para Amar, é tarde para apertares os cordões direitos e não caíres nas escadas da casa da tua infância, é tarde para pedires desculpa ao teu irmão por lhe teres roubado a caneta vermelha, é tarde para as pequenas coisas do passado. Um dia irei dizer-te que é tarde para me pedires desculpa por tudo o que me disseste mas não irei deixar de te Amar, porque nunca é tarde para o Amor e porque sei que sempre te amarei.
Queria ligar-te agora mas deves andar ocupado a ler essas revistas de automóveis, há tão pouco para ler nelas e mesmo assim gastas-lhe as páginas com o uso que lhes dás. Queria contar-te que estou triste por me teres dito todas aquelas barbaridades, queria convidar-te para um café cá em casa e acabar quem sabe enrolada contigo no chão da sala. Mas não posso! Não posso querer! Tenho de te fazer ver antes que o Amor é mais do que um café e uma noite de sexo, tenho de te fazer ver que nunca é tarde para o Amor.
Não! Não quero ser um mero instrumento sexual! Queres uma mulher em quem mandares? Compra uma boneca insuflável. Cansei de andar de um lado para o outro a fumar maços inteiros de cigarros enquanto tu não atendes o telemóvel. Cansei de esperar por uma mensagem tua até às tantas da madrugada e acordar contigo aos gritos fora da porta porque querias “aliviar-te”.
Não é esta vida que quero para mim, não quero que o meu filho conheça o pai deste jeito. Nem sabes sequer que estou grávida, se soubesses obrigavas-me a tirá-lo ou então davas-me uma grande coça de propósito, acertavas em cheio na barriga e lá se ia a criança que eu sonhei para nós e que tu nunca desejaste para ninguém.
Como o mundo é pequeno e a vida é injusta!
Sabes querido? O Amor é muito mais do que isso que me entregas, muito mais que o prazer momentâneo que me dás, muito mais que o dinheiro que no final do mês depositas na minha conta e que nunca sei de onde vem. O Amor não é isto!
Um dia mostrar-te-ei o verdadeiro Amor e tu serás capaz de o ver sorrir-te no rosto da criança que carrego no meu ventre.



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