(Na) Tua Morte

Data 29/06/2007 23:11:30 | Tópico: Prosas Poéticas


Não entendo porque morreste, porquê? Nem entendo porque saíste disparado da esplanada para depois pegares na mota e te atirares contra a frente de um camião, mesmo ali na frente de todos os teus amigos. Não entendo! Eu corri… corri o que pude e o que não pude e nadei no rio de sangue ao teu redor só para te ouvir dizer que me amavas e sentir-te depois decair no meu colo comigo já a gritar aos céus e às terras o teu nome.
“Um dia quando formos velhos havemos de ter uma rede para dormir nas noites de Verão!”, comprei uma rede e coloquei-a no meu jardim, passo aqui algumas noites, observo todas as estrelas e as constelações que me ensinaste. Observo às vezes o teu rosto nelas ou a tua mão estendida para me alcançar num carinho. Tenho pena de não ter conseguido sentir os teus braços a envolver-me numa noite de Verão na nossa rede. Tenho tanta pena de não conseguir ter agora o teu ombro para chorar o meu desespero.
Mais do que a perda o que mais me custa é a falta. Nem imaginas como é precisar de ligar a alguém e ver o teu nome sempre na lista telefónica, passar no corredor e ver os desenhos que me fazias, entrar no quarto e mirar as tuas fotografias.
Amo-te tanto! Mesmo sabendo que te foste, foste para o lado de lá, um dia havemos de nos encontrar e eu dar-te-ei o estalo que ficou aqui guardado seguido de uma carrada de beijos que também estão em mim para ti.



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