Esquecer-te é esquecer-me de mim

Data 20/11/2009 13:46:45 | Tópico: Poemas


como vou esquecer-te se ao esquecer-te serei uma ruga mais
que se inscreve no rosto do cansaço
uns passos sem rasto, uma inerte lembrança,
a viver no escuro sob a noite pétrea sem alma e sem esperança.

como vou esquecer-te se ao esquecer-te serei uma obstinada pena
longe da ascensão dos sentidos
que fazem a vida arder a quatro braços
renasce em todo o universo
na certeza de percorrer um corpo azul relâmpago
que me cravava ao chão e arrancava pedaços aos céus.

como vou esquecer-te se ao esquecer-te serei uma rugosa estátua de areia mordida pelo tempo
que no aberto espaço não esquece, desejando sem calma a ineficácia das horas que passam.
insanidade do tempo, como se o tempo fizesse esquecer o que se soube viver e não se quer escapar.

como vou esquecer-te se ao esquecer-te é esquecer-me de mim?
e, contarei as rugas que se vão pondo.



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