
Passou-me uma borboleta branca à frente...
Data 30/06/2007 17:26:57 | Tópico: Prosas Poéticas
| ... e foi quando reparei que havia por aí, coisas iguais a mim ao desbarato, que têm muita vontade de ser. Só isso. São estes momentos, que passam num relance, em que a gente até se lembra que se sentem saudades do ou de quem nunca se viu, que nos dão uma forma nova de nascer. É coisa que nos dá palavras à boca e aos dedos e nos faz correr atrás de um papel qualquer com um lápis na mão para
desenhar um feliz com os cantos dos lábios subidos entre as orelhas e o nariz, deixar-lhe algumas sardas postas entre aqueles olhos de petiz e dei-lhe forma e cor. O menino com cara de traquina fez-se num texto.
São os momentos em que perguntamos ao sim e ao não: “Posso escrever?”. Não nos vão dizer nada. Mas escrevemos na mesma coisas de querer amar e da gente, sem nos importarmos com
o que há-de ser de nós se depois de se soltar a voz, o som parar antes de se calar?
É quando reparo outra vez que são só momentos, fragmentos rápidos que, por que o são, acabam por ser coisas da memória que, idas, nos encostam a um
olhar para as pedras da calçada com olhos de gente cravada em existência de perguntas constantes... e pergunto, em voz calada sobre as coisas chegadas e distantes...
... à procura de um relance de outros bocados de vida.
Valdevinoxis
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