RENASCER DE NOVO

Data 21/11/2009 21:35:28 | Tópico: Poemas



I
Cibele, acrisolada nos seus olhos húmidos, apelava à demasia da vida, buscando na solidão alimento para a inquietude.

Sabia que, muitos anos volvidos, a repetição dos seus gestos, aparentemente inúteis, eram como que uma flor resguardada de ventos, por entre o ímpeto reprimido de paixões.

II
Dia a dia, mecanicamente, resistia ao luar e ao sol, a luz natural ofuscava-lhe essa ténue alegria que guardava, secreta e compungida.

Certos dias, raros, chispavam em si o brilho do desejo, e viam-na caminhar, solitária, o rosto e a voz ocultando o mais profundo do seu ser.

III
Que fazer, afinal, dessa flor tão serenamente resguardada,
cuja seiva era a dádiva de uns olhos permanentemente
húmidos?

IV
Nesse dia, igual a tantos outros, subitamente,
irrompera nela uma vontade, inesperada,
de partilhar o sonho, a maresia, o calor
ou a geada, mesmo que o tempo persistisse
a monótona cidadela de um Outono.

Soubera, enfim, que renascera para a vida.


arfemo

republicado


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