pelas margens do lixo

Data 23/11/2009 20:03:59 | Tópico: Poemas

como tacteando nos vimos
mancos nos apoiando
pela estrada rude
margens de lixo
restos de horizonte
por entre tabuletas
de avisos inúteis

ervas que grassam
sorrisos num quase impossível
postal negro de lama
o amor fazendo-se em oposição
ao ruído estridente da máquina
que não pára

derrubam-nos os ventos
o sol em brasa
chuvas torrenciais
e pelo meio
teu olhar em brilho,
espanto meu

nasce um ninho de cegonhas
desafiando a chaminé
esvoaça um corvo lento
bem abaixo das nuvens
e dos aviões
e há guerra e sangue
e ternura nessa mão ainda

assim perdura também a poesia
por entre insónias de comunicação
palavras vãs,cheias de nada,
virtual a vida,a vida real,
surpreendente chama renascendo a cada dia
no que às vezes,
em incríveis momentos,
por aqui proclamas.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=108252