
Uma Hora Vaga
Data 27/11/2009 01:52:57 | Tópico: Poemas
| em uma hora vaga pensamos mil destinos refletimos nossos desatinos numa hora livre nos vêm ao encontro os encantamentos uma saudade doce o amargo duma desilusão em uma hora vaga navego minha nau a pena meu mastro o coração minhas velas eu vulnerável sem lastro venerando o infindo oceano planando sem rumo nem engano o relógio acusa os minutos e seus funerais sinto os segundos escorrendo na ampulheta de minha emoção minha paixão enfurece e lúdico aspiro aos nupciais na minha terra sem terra de barro pátria de aço vidro e concreto amadureço em Deus, encaro reto sonho as cores em mananciais lúcido em bodas invernais me entrego à rima como à doutrina sempre atento e respeitoso quero me provar dom de gozo e o casco flutua rasga o véu do saber fina lã que permeia o eterno recorrer embaralho minhas vontades e busco a força do instinto sei que sou o que sou, seja lá o que isso seja e sem ânsias de entender, me entendo além de explicação certa feita perpetrara o horrendo ato da descrença e mergulhara em ilusão funesta fiz-me suposto onipotente em prol do surpreendente e feri-me ao olho, à razão desdisse-me e encalhei ao ribeirão jovem homem em confusão quis ser o rei dos reis, um segundo Salomão mas a maré me arrastou a mim a tempestade parecia sem fim o mar se fez deserto esqueci-me do sim um sufoco, um aperto em superstição um despeito me fingindo do extramundo mascarado cínico e imundo fiz o que pude pra me provar de sangue azul e desprezei o pai ao sul em uma hora vaga minha liberdade nasceu e morreu em seu primeiro terço já me calava foi a criatividade quem socorreu numa hora vazia me compromisso ao descompromisso estou em pé, porém de joelhos, submisso de todo rancor me faço omisso que deixar secar a alegria é rude desperdiço estatelo semblante à densa brisa escancaro o sorriso em decisão concisa ensaio gestos de grato à vida valso brinco faço circo da ferida e o povaréu tão quente de meu Brazyw me acode intermitente ao gargalo do funil me lembro do verde do cristal do Goiás me arrepia só de lembrar, aliás! as indiazinhas do meu sertão as pingadinhas no baião corro corro estafo e me zango pra me curar um bom rango da Tia Odete ou da Dona Sônia um cafézinho sem parcimônia o pão francês do humilde burguês reparte-se sempre na míngua ou na fartura alimenta e faz freguês endireita e enobrece mas é pra agora, que endurece! da vaga hora foi-se meia daonde estou vejo o horizonte detrás da parede defronte da meia hora transcorrida me comove e assusta a subida súbita evolução sem saída certa feita fiz-me pai de mim uma boa vírgula um pai de si em si no tom dourado do amor e descobri sem pudor a fonte da vida refiz a fé na corrida parei pra sentir o sabor e deixei-me cair em alvo calor suingando criador dando nome ao valor fiz-me poeta e trovador na nobre benção do louvor quando dei conta da confusão quis justificar a intrusão desculpar-me ao leitor pela alienação vi chorar o menino na rua enquanto passeava pelo mundo da lua mas tive sorte, tenho muita sorte de ter no cerrado redescoberto a facilidade do cingir de ter fiel ao fato enternecido meu agir sorte forte e promissora que arrebata como boa professora um nascido em berço de platina fazendo da caridade brilhante sina tão belo o imprevisível do partilhar mil mais cores a respirar pranto em engasgo a se libertar tão bela a grande família sem nome a coragem honesta da boa fome satisfação vera e intensa do homem a hora vaga antes vazia agora dos três terços só tem mais um última esperança a regressar sinal da taça que há-de transbordar e de verso em verso vai resumir-se a um quarto a hora quase cheia e então a um quinto um sexto o sétimo divino e por isso a ponte a elo do destino ao começo não sabia o que queria lhe dizer em rasante eloqüente não se pode adoecer selo a boca a alma o ventre cerro o punho o cenho prenhe deixo cantar meu silêncio degustando as uvas da Sicília banhando no leite da vigília afrouxo minhas rédeas cavalgo ao largo certezas pétrias inspiro lento as primícias dum encerramento em grossas rimas a cor do sabor da dor do estertor do amor o sumo do lume o sangue no gume o som do são o sim na razão céu profundo esquina do mundo fazendo fundo n'orar vagabundo quanto valem cinco minutos na admiração dos enxutos na inocência dos estultos quanto valem mil destinos na integração dos grãs-finos na gratidão dos nordestinos quanto vale a virtude altaneira atitude nos elevando a altitude quanto vale o momento redentor do tormento oásis de todo alento a hora vaga vagueia pra longe nasce outra e pede mama a curiosidade sagaz responde o sempre é da lama à lama
17 de Dezembro de 2007. ORGASMAGIA http://orgasmagia.blogspot.com/
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