
Últimas horas de Fernando Pessoa
Data 28/11/2009 15:56:09 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
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Canto a tua noite de glória. A tua última noite!... A noite que finalmente Traria Luz à tua história, Para passares a brilhar Intensamente!
Havias dito: "E-xis-tir! Eu vou existir"!
Quiseste despedir-te condignamente: O Manacés veio fazer-te a barba; O Trindade serviu-te um último trago E - apesar do torpor - Saudaste o aniversário da tua irmã, Em singelo telegrama, qual flor.
Para além de notável poeta, Eras um versátil actor ( "Um fingidor" - Confessavas na tua poesia), Que raramente dava a perceber Qual dos papéis estava a representar, Num qualquer dia...
Mas naquela noite estavas perante Um acto determinante: O epílogo de uma vida... A tua própria vida!
O monólogo do homem solitário, Que sempre sorrira interiormente Da náusea que a humanidade lhe causava: "Raios partam a vida e quem lá ande"!
Fracassado - enquanto homem, Ignorado - enquanto poeta, (Como tantos grandes poetas afinal, Deste minúsculo mas imenso Portugal, A quem só a Morte trás a Vida), Suportaste esta vida, Como se ela apenas fosse Uma doença incurável, Com um sabor agridoce, Intragável.
Ah, nobre actor dramático... "O drama em gente"! Tantas personagens numa só!...
Ao cair o pano da derradeira cena - Na certeza de ires ver algo de novo - E para confirmares a sua veracidade Soltas num último murmúrio: "Dá-me os óculos"!... E assim tombou no pó o Ibis, Para se erguer na Eternidade!
No ar, Ainda parece ecoar, Essa gloriosa profecia: "Vou existir!... E-XIS-TIR"!!!
07.08.2005, Henricabilio
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A minha singela homenagem ao mais versátil dos poetas portugueses, agora que nos aproximamos do dia 30 de Novembro, data em que passam 74 anos sobre a data da sua morte física!
O POEMA APRESENTADO RECRIA DADOS BIOGRÁFICOS!
28.11.2009, Abílio Henriques
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