
Plantação!
Data 29/11/2009 18:38:40 | Tópico: Poemas
| Num momento de profunda tristeza Veio-me uma vontade de exteriorizar Toda aquela melancolia que escurecia A minha alma...
Não pude soltar o meu grito; Não pude arrancar meus cabelos; Não pude rasgar minhas vestes... Enfraquecido caí de joelhos.
Não quis jogar areia no meu corpo. Tão pouco quis me carpir pelo chão... Então usei a força das palavras.
Usei-a como a um antídoto Para ver se clareava meu espírito Já que eu não podia arrancar Os meus olhos de suas órbitas Para poder lançá-los, Não na órbita da lua, Daquela lua que era sua, E hoje não é de ninguém, Como nada nunca foi. Mas na órbita de Saturno Lá longe desse mundo Imundo como estrume de boi... Lindo como os lírios nas vertentes Dos rios infindos de águas efervescentes... Iguais a pétalas peroladas das hortênsias E das rosas roxas ou o perfume do alecrim.
Sendo assim, Pretendo me contentar Com esse meu mundo tri polar: Triste, pequeno e confuso, Onde me perco num minuto E no outro já estou a imaginar Uma forma nova de esse mundo tragar Como que se fosse uma fossa Onde apenas fossas ilíacas Tivesse e que todos os outros Fósseis fossem feitos de ferrugem E que os meus amigos soubessem Que o que hoje em dia nasce cinza Pode ser que amanhã amadureça.
Tenhamos todos em nossas cabeças: Quanto mais nós nos formos alienando, Mais a elite faz com que nos esqueça, Mais ao equador para que o sol nos aqueça... Fraco e cansado espírito!
Ó palavras! Frias e mortas letras! Tendes a enganar o tempo... Escondidas em estado primário De dicionários... Matéria-prima de prosas, De cartas eivadas de amor, De poemas que exalam rosas, Aguadas com suor do escritor...
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