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Data 04/12/2009 18:20:39 | Tópico: Poemas

Venho perdida num tempo escasso
Perco-me de quase tudo num instante baço
Escorrego pelo declive de mim mesma
Na tarde calma sou trovoada negra
Mas... caminho ao encontro do futuro

E ao virar da esquina tropeço no nu
De um universo descabido
Olho o velho enrugado, passo-lhe ao lado
Embrenhada num eu tresloucado
Mais adiante, olho a criança pedinte
Apresso o passo, sou dama de requinte

Assim vou perdendo tempo sem meiguice
Pensando que não me afundo na imundice
Esqueço-me de tudo o que me é agoirento
Principalmente esqueço-me de ter tempo
Criei uma redoma debaixo do meu nariz
Por azar não caibo nela, mas que mal eu fiz

É este o dia a dia na cidade metropolitana
Fazemos de tudo o que nos dá na gana
Fingimos não ver, e o pior
Esquecemos que ser feliz é um bem maior.

Antónia Ruivo


Poema escrito para o blogue Movimento ás artes.



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