
longo movimento dos olhos
Data 06/12/2009 20:43:52 | Tópico: Poemas
| cálida esta mão de nada ora aberta, ora fechada, perpétuo movimento em vão.
olho-te pelas ruas de ontem como se olhasse um amanhã desviado e penso,com ironia,
não estou aqui, não sou de agora.
não me atinges com as tuas imagens de pedras falsas,polidas tuas palavras doentes, tão trémulas e combalidas tuas encantadas serpentes,olhos de sedução.
tuas dúvidas,tristes certezas, minhas quase constatações, meus pedaços de nada,em sorrisos, sensações que vejo (ou então não).
sento-me numa escada e páro. cada degrau uma aresta tão perfeita,tão honesta e sinto meu corpo rolar.
não é frio o que vejo ou sonho é uma arquitectura no espaço desenhos em mim rabiscados traços ,esboços pintados
são perspectivas tão raras colagens de coisas em caras
e sim,confesso, algum cansaço, em que tropeço.
se me lanço e não saio do sítio que acção,então, dirás, me desmotiva?
eu só sei do livre arbítrio o desejo de mais vida.
e golpeio essa ferida em risadas que da dor me rio só, calada sempre.
cravo-lhe fundas facadas e em segredo : não estás morta, nem dor mente
e nem que a vida me tente ou a morte,sua amada, não serei para elas nada a não ser um par de olhos
vagueando pela estrada.
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