
Deixa que me durma ...
Data 04/07/2007 09:51:41 | Tópico: Poemas
| Dentro de mim dorme o silêncio corcovado nas sílabas mudas de um poema sem métrica sem rima sem mote.
Dentro de mim, o néon incandescente de bordos afilados, no travo agridoce de gestos determinados, prescritos e logo desatentos, desalentos. Desalentados.
Durmo dentro do silêncio branco de sal, no linho alvo duma cama içada ao infinito.
De mim não sei, não me sei, não sei mais nada. Não me canta o alvor da madrugada, não me espantam as águas em derrocada, nem sequer o sangue que se explode roxo das veias das palavras.
Deixa que durma, que durma o sono dos justos, que me percorra recortada a laser nos aromas incendiados, que me abisme em olhos agrafados de esquecimento, que me chore sem lágrimas, em asilos de mágoas, e que me mutile em planuras de sorrisos
imaginários, longínquos, imprecisos, oblíquos. Obliquados …
Deixa que me durma, por fim, amortalhada no silêncio que existe dentro de mim.
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