Trouxeste-me o rouxinol na madrugada e à noitinha o paraíso como aviso vou por aí nesse atalho sem varejo de salto alto como se de um sonho velado saísse como se de um pássaro sentido caísse como se o mundo fosse um gigante pequenino estou esquecida de tudo que me lembraste foste a minha linha mais curta do horizonte foste mendigo do tempo a culpar-te num beijo e o mar pareceu-me um rio as flores o meu sonho subtraído e o amor bebido num cálice de vinho permaneci nos teus pés guarnecidos por meus anéis de espanto vãos dignos da palavra desertada e embalas-me embalas-me ao sabor do vento como se fosse uma pena tenebroso vento que me leva para onde vou e vou noutro trilho solto sem acaso e nunca deixaste de ser a luz do meu dedo
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