Um fado que me lambe, repele, extingue e abrasa, uma fogueira que não me arde, por dentro, anciã, florestas vazias, apartamentos cheios de nada, cheiro a canela, hortelã e açafrão, canseira vã.
Socorro pelo tempestivo uivo, trespassado na oliveira, árvore anã, trigo ligeiro, milho quebrado, ceifa.
Malha povo no pantanal eirado, no trigo de molho. Lava povo, malhas tricotadas, teares lacrimosos.
Faz-me rendas, cozinha-me potes de alecrim, enche-me de orvalho os olhos claros, tece-me como seda, toca-me como harpa.
Toques teus, dedos assim, só na canção tinhosa, na melodia encrespada dos lírios nos murmúrios, nas margens dos rios que te cobrem o corpo.