LUXÚRIA CRISTÃ (VATICANO)

Data 15/12/2009 12:22:35 | Tópico: Poemas -> Reflexão

Tu
Que dominas as consciências
Com capa bordada a ouro e prata
Subjugas a cultura
O trabalho, a liberdade, o culto, a vida
Como um perfeito agiota
Em nome de um deus pretensiosamente vingativo
Com o ceptro de um rei sem império
Que tem por horizonte o mundo
Usas palavras místicas e serenas
Intitulas-te
Senhor absoluto de todos os desígnios!

Desenhas a sombra de todos os medos com um sorriso
Abusas da crendice como um líder da fé
Buscas na imposição de dogmas e preconceitos ignorantes
A força para exerceres o poder
Ditas a sabedoria do absurdo aos incultos
Apregoas paciência à fome na mesa do desperdício
Ensinas a tolerância às vitimas
Da miséria
Que paga a tua ostentação e luxo!
Falas em repartir pela pobreza colectiva a pobreza individual
Alimentar a fome com panelas vazias e caridadezinhas
Saciar a sede de água aos desidratados de compreensão
Vestir o nu com as roupas puídas dos abastados
Amparar os sem abrigo nas casas em ruínas dos senhores
Os outros… Os outros…

Mas como podes dividir a riqueza
Se é à miséria que vais buscar o pão da tua fartura?
A ignorância é o chicote
Com que pastoreias o teu rebanho!

Prometes um mundo melhor, apregoas a paz
Com o holocausto do irreal debaixo da batina de pedras preciosas
Feito bíblia
Feito armagedom
Feito Lúcifer
Trombetas divinas e purgatórios!
Para os pobres pecadores
Duvidosos e atentos
Excomunhão.

Para os que maltratam o teu rebanho
Terras fartas de leite, rios abundantes de pão!

Para os devotos
Promessas de um paraíso irreal –
Crendices e enganos!
Para todos
A miséria continua!

Vaticano! Vaticano!
Reúne os despojos de Cristo
A coroa de espinhos ainda ensanguentada
A túnica branca manchada de suor
A cruz de madeira desgastada pelo tempo
E parte por esse mundo fora
Nu de luxúria
Como um messias
Apregoa a verdadeira paz
Exemplifica o verdadeiro amor!


António Casado
21 Outubro 1977




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