69h

Data 16/12/2009 21:41:17 | Tópico: Textos



apareceu-me um amor. como uma voz a atravessar o deserto, ou uma estalactite a atravessar-me o corpo no lugar do coração. apareceu-me ainda de dentro da noite, trazia o teu perfil atado à pele, o teu rosto no seu rosto e eu, que te julguei ali naquele instante, agarrei-me a ele e fugi, diante da noite, a repetir o teu nome. apareceu-me um amor. às vezes, na consequência disso, ou dele, ou de coisa nenhuma, lá haverá mais lágrimas cá dentro, onde o deserto é mais denso, onde o gelo é mais duro; cá dentro, fundo, onde me habitas.na intensidade disso, de tudo, porque é tudo intenso quando estás presente ou mesmo que não o estejas, há o fundamento, ainda que perene, destas múltiplas lágrimas a crescerem-me como fungos, na raiz do solestício, à espera de ver os dias crescerem ao compasso do amor. é porque existe que dói, porque é assim, mais ou menos deste tamanho, e se me perguntares que tamanho é este - eu: sei lá - hei-de inventar algumas hipérboles. aparecer-me um amor, este, basta.



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