Penumbra

Data 17/12/2009 22:47:54 | Tópico: Poemas



Penumbra

Ocorre-me no pensar falésias tempestivas,
orações no Inverno, nas águas alagadas,
não desespero facilmente, algo se agita,
comove-se-me a moleza dos dedos na pele.

Comungo da quebradiça, encantada chispa da fogueira,
em que se encaracola o olhar sebento, vagabundo,
vagueio nas ruas, lento, vagaroso, sem sentido nenhum,
hoje os meus fantasmas colheram-me para a ceifa.

Murmúrios entre mãos que abraçam os temporais lá fora,
chamados estridentes nos meus ouvidos surdos,
manchas de tinta na pele molhada, sonhadora,
rasgo a penumbra do vazio espaço dentro.

Roubei a paz do pensamento, interiorizei-me na chama,
deito-me só, tenho-me por companhia quente e morna,
as noites são herméticas e ocultam-se em mim,
clamo pela friagem que ecoa nas cavernas ocas.



Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=111505